Hoje teremos a primeira parte de um tópico que não cansamos de ver e estressar, que atinge desde o usuário de motor Diesel "leve" (veículos leves, geradores de pequeno porte) até os sistemas em alto mar ou em alocados em ambientes inóspitos e hostis.
Apesar de ser um nome feio no meio de discussões sobre meio ambiente, os motores Diesel são o que há de mais simples e robusto para operar geradores, implementos agrícolas, veículos de passeio, motores de embarcações, além de uma infinidade de aplicações. Mas como qualquer máquina, é necessário buscar cuidados e atenção em sua manutenção - e o controle da contaminação de combustível e lubrificante são cruciais para uma operação longeva de um motor Diesel.
Alguns contaminantes são importantes de serem monitorados e analisados, porque são as causas principais da degradação prematura do óleo e falha do motor. Outros contaminantes são sintomáticos de uma condição de falha ativa, que requerem uma resposta que não seja apenas uma troca de óleo.
Por exemplo, danos em juntas ou vedações que levam à diluição do combustível por glicol não podem ser remediados realizando uma troca de óleo ou trocando para um lubrificante de melhor qualidade. Esses contaminantes baseados em sintomas também são causas-raiz que permitem que novas falhas ocorram e outras se repitam. Podemos então dizer que o valor da análise de óleo na detecção precoce de problemas é evidente.
Qualquer um dos contaminantes descritos abaixo consegue causar falha prematura ou mesmo catastrófica dos motores a Gasolina e Diesel. O foco deste texto é em motores Diesel, com maior participação em aplicações industriais, energia e Mobil.
Vale ressaltar que os problemas são mais pronunciados quando existem combinações de contaminação, como alta carga de fuligem com glicol, ou alta carga de fuligem com diluição do combustível. Existem inúmeros caminhos de falha e sequências consequentes de eventos. Milhares de motores a diesel falham prematuramente a cada ano devido à presença de glicol, combustível, fuligem e água no óleo do motor.
Glicol
O glicol ingressa nos óleos do motor do motor diesel como resultado de vedações defeituosas, juntas de cabeçote queimadas, cabeçotes de cilindro trincados, danos por corrosão e cavitação. Um estudo encontrou glicol em 8,6% de 100.000 amostras de motores diesel testadas. Um estudo separado de 11.000 caminhões de longas jornadas encontrou níveis severos de glicol em 1,5% das amostras e pequenas quantidades de glicol em 16% das amostras. A seguir estão alguns dos riscos associados à contaminação com glicol:
• Apenas 0,4 por cento de líquido de arrefecimento contendo glicol no óleo de motor diesel é suficiente para coagular a fuligem e causar uma condição que acaba levando à borra, depósitos, restrições de fluxo de óleo e bloqueio do filtro.
• Estudos mostraram que a contaminação com glicol resulta em taxas de desgaste 10 vezes maiores do que apenas a contaminação por água.
• O glicol reage com aditivos de óleo, causando sua precipitação. Por exemplo, um importante aditivo antidesgastante em óleos de motor, dialquil ditiofosfato de zinco (ZDDP), formará subprodutos de reação e obstruirá filtros quando o óleo estiver contaminado com glicol. Isso leva à perda de desempenho antidesgaste e antioxidante também.
• O glicol pode fundir motores.
• O etilenoglicol pode se transformar em ácidos corrosivos, incluindo os seguintes: ácido glicólico, ácido oxálico, ácido fórmico e ácido carbônico. Esses ácidos causam uma rápida queda na alcalinidade do óleo (número base), resultando em um ambiente corrosivo desprotegido e oxidação do óleo base.
• Esferas de óleo (contaminantes esféricos abrasivos) se formam a partir da reação de aditivos detergentes de sulfonato de cálcio (encontrados em quase todos os óleos de motor) e contaminação com glicol. Essas esferas são uma causa conhecida de danos aos rolamentos do eixo de manivela e outras superfícies de atrito dentro de um motor.
• A contaminação por glicol aumenta substancialmente a viscosidade do óleo, o que prejudica a lubrificação e o resfriamento do óleo.
Diluição de combustível
Partidas frequentes de um motor, marcha lenta excessiva e condições de funcionamento a frio podem levar a problemas moderados de diluição de combustível.
A diluição severa de Diesel em óleo (chegando a 2%) está associada a vazamentos, problemas no injetor de combustível e eficiência de combustão prejudicada. Estes são sintomas de condições graves que não podem ser corrigidas por uma troca de óleo. De acordo com estudos de referência, por volta de 0,36% do consumo total de combustível acaba no cárter. Os problemas associados à diluição do combustível incluem:
• O diesel em condições de operação frias pode causar parafina na linha de combustível. Durante a partida, isso pode resultar em baixa pressão de óleo e condições de falta de combustível.
• O diesel transporta para o óleo do motor moléculas aromáticas insaturadas que são pró-oxidantes. Isso pode resultar em uma perda prematura do número de base (perda da proteção contra corrosão) e espessamento oxidativo do óleo do motor, causando depósitos e leve deficiência de pressão / sucção.
• A diluição do combustível pode diminuir a viscosidade de um óleo de moto, levando um 15W40 para 5W20. Isso diminui a espessura filme de óleo, resultando em desgaste prematuro da zona de combustão (pistão, anéis e camisa) e desgaste do rolamento do virabrequim.
• A diluição do combustível de injetores defeituosos geralmente causa a “lavagem” do óleo lubrificante nas camisas do cilindro, o que acelera o desgaste de anéis, pistões e cilindros. Também causa condições de alta passagem de óleo (blow-by) e aumento do consumo de óleo (expulsão reversa).
• Diluição severa do combustível dilui a concentração de aditivos de óleo e, portanto, diluindo sua eficácia.
• A diluição do combustível por biodiesel pode resultar em problemas maiores do que o normal em comparação com o diesel refinado. Esses problemas incluem estabilidade à oxidação, problemas de entupimento do filtro, formação de depósitos e volatilidade, resultando em acúmulos de contaminação líquida, pastosa ou sólida no cárter.
Semana que vem teremos a parte 02 deste texto.
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Fonte: https://www.machinerylubrication.com/Read/1033/diesel-engine-oil-contaminants
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